Montado de sobro
Informações gerais
Os sobrais são um dos grupos de árvores mais comuns na Estremadura, quer como montado de sobro ou como pasto. Em ambos os casos, os sobreiros surgem frequentemente misturados com azinheiras. Os sobrais ocupam uma área de cerca de 363.974 hectares de massas naturais às quais devem ser acrescentados cerca de 62.382 hectares de reflorestação de sobreiros. Têm origem nas florestas tropicais do Neogénico, que devem ter coberto uma grande parte da Estremadura há mais de 13 milhões de anos. São grupos com um elevado grau de biodiversidade, entre os mais elevados nas latitudes temperadas do planeta Terra.
Atualmente, fornecem inúmeros bens e serviços, dos quais se destaca a cortiça. Os sobreiros da Estremadura produzem, em termos gerais, uma cortiça de excelente qualidade, para muitos a melhor cortiça do mundo, devido às suas características especiais que a tornam ideal para o fabrico de rolhas de cortiça natural, o principal produto da indústria da cortiça.
Qualidade da cortiça
Os trabalhos sobre a qualidade da cortiça começaram a ser realizados em 1984. Desde então, e com o objetivo de fazer progressos significativos neste campo, destacam-se os seguintes contributos:
InvInvenção do índice Q. Permite a aplicação de estatísticas à amostragem de modo que seja possível determinar o número de amostras de cortiça que devem ser colhidas para determinar a qualidade de uma remessa e detetar os erros que são cometidos durante o processo de amostragem.
Mapa de qualidade da cortiça. Com recurso à base de dados do Plan de Calas (amostragem da qualidade da cortiça no campo), ao índice de qualidade e às classes de seleção da cortiça, elaboraram-se mapas de província à escala de 1:200.000 da qualidade da cortiça produzida pelos sobrais da Estremadura. Este mapa é útil não só para a gestão do abastecimento de matérias-primas na indústria da cortiça, mas também para o estudo dos fatores que determinam a qualidade tecnológica da cortiça.
Conceção de um novo método de amostragem em pilha. Permite realizar amostragens de qualidade de pilhas de cortiça de forma eficiente e sistemática. Este método recebeu a Menção Honrosa Vieira Natividade no 1.º Congresso Mundial do Sobreiro e da Cortiça, em Lisboa.
Patente de um novo procedimento para avaliar a qualidade dos lotes de pranchas de cortiça. Permite que uma remessa de cortiça seja classificada com base num software de uma forma mais automatizada e simples face à classificação tradicional. É uma patente partilhada pela UPM (55%), pelo INIA (15%), pela AMAYA (15%) e pelo CICYTEX (15%).
Além disso, os estudos sobre a qualidade da cortiça baseiam-se nos dados fornecidos pelo Plan de Calas, que é um serviço prestado pelo ICMC (um centro ligado ao CICYTEX) para verificar a qualidade da cortiça no campo.
Tecnologia de descortiçamento
O estudo das novas tecnologias de descortiçamento é uma das apostas do CICYTEX para eliminar as desvantagens do descortiçamento tradicional, tais como a falta de formação, o envelhecimento da mão de obra, os danos nas árvores, a falta de saúde e segurança no trabalho, etc. Para enfrentar estes problemas, testam-se as mais recentes tecnologias disponíveis e concebem-se novas ferramentas complementares, medindo-se uma grande variedade de parâmetros num grande número de sobreiros para analisar a fundo cada avanço tecnológico.
Este trabalho procura mecanizar o processo de extração da cortiça do início ao fim para o tornar mais produtivo. O descortiçamento com novas tecnologias começa com a pré-riscagem com recurso a uma máquina específica. Recorre também a ferramentas complementares concebidas para se poder prescindir do machado em três das operações necessárias para extrair as pranchas de cortiça: golpeamento, deslocação e separação. De todas elas, destacam-se a pinça elétrica de cortiça e a alavanca tecnológica, ambas patenteadas pelo CICYTEX.
Reflorestação com sobreiro
O CICYTEX está a realizar trabalhos nesta linha para maximizar o sucesso da reflorestação de sobreiro. Os estudos analisam a preparação do solo, o tratamento da vegetação preexistente, os métodos, a época de plantação, etc., para saber o que é mais adequado em cada caso.
Além disso, tendo em conta a importância dos trabalhos silvícolas durante os primeiros anos de vida das árvores plantadas durante a reflorestação, os estudos avaliam quais as práticas recomendadas e como são levadas a cabo. O foco principal é a remoção da vegetação concorrente, a prevenção de incêndios e a poda de formação.
O centro também realiza estudos dendrocronológicos, que analisam a forma como os sobreiros se desenvolvem ao longo da sua vida, para determinar a idade de uma árvore com base no seu tamanho.
Recentemente, deu início a uma linha para o estudo do cultivo do sobreiro fertirrigado. O objetivo é obter árvores produtoras de cortiça de qualidade que iniciem a sua produção mais cedo, reduzindo-se a idade em que cada árvore começa a produzir cortiça de reprodução. Esta nova linha de trabalho é desenvolvida pela equipa do CICYTEX – ICMC (especialistas em sistemas florestais) e do CICYTEX – La Orden (especialistas em irrigação e fertilização).
Silvicultura de sobrais
O trabalho de campo realizado pelo CICYTEX nesta linha abrange a silvicultura de quase toda a área de distribuição mundial de sobrais. São extraídas inúmeras variáveis para analisar, subsequentemente, a influência do trabalho silvícola realizado num sobral de acordo com o seu grau de desenvolvimento, capacidade de produção de cortiça e estado fitossanitário.
Além disso, a fim de determinar a forma mais apropriada de realizar os trabalhos silvícolas, são testados tratamentos específicos em parcelas experimentais. Importa destacar os ensaios de poda de formação, limpeza e restauro de sobrais queimados na sequência de incêndios, entre outras.
Neste último ponto, foram estudados os efeitos que os incêndios têm nos sobrais, incluindo na cortiça, na árvore e no solo. Com base nos resultados obtidos, foram concebidas e monitorizadas ações, tratamentos e restauro de montados que tinham sofrido incêndios. Estes resultados foram incluídos no manual El alcornocal y el fuego (Os sobrais e os incêndios).
Para mais informações sobre a silvicultura de sobrais, consultar o manual Selvicultura adaptativa para la gestión de los alcornocales en Extremadura (Silvicultura adaptativa para a gestão dos sobrais na Estremadura).
Defesa contra pragas e doenças dos sobreiros
De entre as pragas que afetam o sobreiro destaca-se o Coroebus undatus. Este coleóptero é conhecido como a cobrilha da cortiça devido ao aspeto das galerias que as larvas deixam à sua passagem entre a cortiça e a camada principal quando se alimentam. Estas galerias ficam visíveis durante a extração da cortiça, afetando a qualidade da cortiça e desvalorizando este produto. No CICYTEX, efetuam-se controlos anuais através da captura deste inseto para aumentar o conhecimento de aspetos relevantes como o seu ciclo biológico, a duração do ciclo de vida na fase larvar, a atividade dos insetos durante a fase de voo, o nível populacional e os parâmetros associados à praga que ajudam a procurar métodos de controlo.
Também é realizado um trabalho importante a nível da deteção, prevenção e controlo da doença da seca provocada pelo agente patogénico Phytophthora cinnamomi.