Vinha

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logoInformações gerais

A vinha (Vitis vinífera, L.) na Estremadura, com 86.300 hectares, é a terceira maior cultura depois dos cereais de grão e olivais, representando 8,5% da superfície de Espanha (MAPA, 2020). Embora a área irrigada tenha vindo a aumentar (32.000 ha; ESYRCE, 2019), o principal sistema de produção continua a ser o de sequeiro, com explorações de média dimensão (5,6 ha) e destinado principalmente ao vinho a granel. Na última década, assistiu-se a uma mudança na viticultura da região: uma aposta na qualidade da produção com um aumento da tecnologia utilizada, tanto a nível das vinhas como dos métodos de produção de vinho engarrafado.

logoRequisitos do cultivo

A produção de uvas para vinificação enfrenta vários problemas do ponto de vista técnico. Por um lado, as características agroclimáticas da área, que resultam em condições de maturação com temperaturas elevadas e distribuição irregular da precipitação anual, uma situação que tende a acentuar-se com as alterações climáticas. Por outro lado, a adoção da irrigação (para a conversão de vinhas ou em novas plantações) está associada a uma mudança no sistema de condução e gestão agronómica, o que requer uma abordagem técnica diferente. Além disso, existe a limitação de material vegetal adequado, tanto em termos de saúde como adaptado às condições agroclimáticas da região, que permita reduzir a necessidade de "inputs" para uma produção equilibrada em termos de quantidade e qualidade.

O CICYTEX está envolvido em várias linhas de investigação, baseadas em ensaios e estudos sobre a gestão da irrigação (necessidades hídricas e estratégias de irrigação), técnicas de cultivo (poda, sistemas de formação, gestão da vegetação, controlo de carga), o estado sanitário (seleção clonal e sanitária, fungos da madeira), a qualidade da uva e a utilização de subprodutos.

logoCálculo das necessidades hídricas

Embora a vinha seja uma cultura com "baixas necessidades hídricas" cujo ciclo vegetativo fica assegurado com 300 mm de água (da chuva e/ou proveniente de irrigação), esta quantidade de água necessária pode variar de uma vinha para outra, dependendo de diferentes fatores: a variedade, a capacidade de armazenamento de água no solo, as exigências evapotranspirativas do ambiente, a densidade de plantação, a fertilização e as técnicas de cultivo utilizadas.

Contudo, não é aconselhável satisfazer plenamente as necessidades hídricas de uma vinha para vinificação, salvo se as produções elevadas forem o único objetivo. Além disso, as alterações climáticas e o aumento das áreas irrigadas exigem uma utilização mais eficiente da água, permitindo uma produção sustentável em termos económicos e ambientais. Os trabalhos do CICYTEX centram-se na obtenção de informação verificada para propor estratégias de irrigação adaptadas ao tipo de vinha e aos objetivos de produção.

Neste sentido, as estratégias de irrigação deficitária provaram ser um instrumento eficaz para controlar o vigor das estirpes em vinhas vigorosas, melhorando a qualidade, aumentando a produtividade da água e, por vezes, melhorando a qualidade das uvas em vinhas de sequeiro.

logoTécnicas de cultivo e gestão das vinhas

A otimização da produtividade e da rentabilidade da vinha envolve todas as práticas de cultivo, razão pela qual se tem trabalhado para descobrir a resposta a diferentes métodos de gestão: sistemas de formação, poda, técnicas de desfolha e abertura da vegetação, etc.

De particular interesse nestes estudos é a relação entre vegetação e produção a fim de encontrar um equilíbrio que melhore as condições de maturação da uva (altura da espaldeira, desbaste dos cachos, desbaste dos pâmpanos, remoção precoce das folhas) e de influenciar o microclima do ambiente envolvente dos cachos para possibilitar a existência de um ambiente mais favorável à acumulação de compostos de alto valor enológico (desfolha, abertura da vegetação na espaldeira).

A utilização de técnicas para atrasar a maturação das uvas através da irrigação, a poda tardia e a intervenção em verde (crop forcing), bem como a utilização de tecnologias avançadas para a gestão da vinha (agricultura de precisão e irrigação automatizada) são algumas das linhas de investigação mais inovadoras.

logoSeleção clonal e saúde da videira

Na Estremadura, há uma grande área (quase 50%) dedicada à viticultura, sendo cultivadas quase exclusivamente variedades autóctones. Referimo-nos às variedades Pardina e Cayetana, Alarije, Montúa e Eva. Contudo, existem muito poucos clones comerciais disponíveis, o que constitui um problema para o estabelecimento de novas plantações com estas variedades. Daqui surge a necessidade de conservar, valorizar e promover a utilização de materiais vitícolas autóctones (Vitis vinífera L.) como parte da riqueza fitogenética da Estremadura, preservando os atuais clones "guardados" no CICYTEX e enriquecendo-a com a incorporação de novos clones com características fenotípicas específicas e como material vegetal para que os viveiros interessados possam estabelecer os seus campos de material de base.

logoDoenças e pragas

O cultivo de videiras na Estremadura é afetado por algumas pragas e doenças que requerem uma gestão adequada para evitar perdas significativas na colheita. As pragas emergentes incluem o mosquito verde e a aranha, que estão a tornar-se cada vez mais frequentes, bem como a traça da uva. Quanto às doenças, o oídio é endémico na região, bem como o míldio ou a botrítis nas vindimas com condições meteorológicas favoráveis. Sem dúvida, o maior problema sanitário da vinha neste momento são as doenças do lenho da videira (DLV) tais como a esca, a escoriose ou a eutipiose em plantações totalmente produtivas e a doença de Petri e pé negro em vinhas novas. O CICYTEX, em resposta às exigências do setor vitivinícola, está a trabalhar ativamente para resolver estes problemas, efetuando estudos sobre: i) etiologia e diagnóstico: isolamento e identificação dos fungos causadores de doenças; ii) epidemiologia: estudo de fatores abióticos e de gestão de culturas que afetam o patossistema; e iii) teste da eficácia de soluções sustentáveis para o desenvolvimento de agentes patogénicos e da doença.