Oliveira
Informações gerais
O olival é a cultura com a maior superfície agrícola da Estremadura, que corresponde a 287.207 hectares (ESYRCE, 2019). Embora tradicionalmente costumasse ser uma cultura de sequeiro, agora ocupa a primeira posição nesta região em termos de área irrigada, com 61.551 ha. Trata-se, sem dúvida, de um caso único na agricultura, uma vez que o aparecimento de novos sistemas de cultivo não conduziu à substituição nem ao retrocesso dos sistemas anteriores. Desta forma, hoje em dia, os olivais tradicionais coexistem com olivais intensivos e superintensivos ou olivais em sebe.
Sistemas de cultivo na olivicultura: dos olivais tradicionais aos superintensivos
Olival tradicional. Baixa densidade de plantação (menos de 100 oliveiras/ha), árvores de grande porte e custos de cultivo elevados (poda e colheita). Maioritariamente em condições de sequeiro com baixa produtividade, embora uma pequena superfície tenha passado a ser irrigada.
Olival intensivo e de alta densidade. Plantações que possuem entre 200 e 300 oliveiras/ha (olival intensivo) e 300 e 600 oliveiras/ha (alta densidade). Árvores de porte médio e colheita mecanizada com vibradores de tronco e máquinas de colheita de azeitona para olivais intensivos e de alta densidade, respetivamente. Olivais na sua maioria irrigados, muito produtivos e rentáveis, que atingem produções de cerca de 2000 kg/ha de azeite.
Olival em sebe ou superintensivo. Densidades superiores a 1500 oliveiras/ha e árvores de pequeno porte que formam sebes. Este tipo de olival é suscetível de mecanização total da colheita com máquinas de colheita de azeitona e poda total ou parcial, com produções até aos 2000 kg/ha de azeite. Este sistema é realizado em regime de irrigação e, nos últimos anos, tem vindo a ser introduzido em regime de sequeiro. Tem a desvantagem de haver poucas variedades adaptadas a este sistema.
Requisitos do cultivo
Do ponto de vista técnico, existem vários problemas que limitam a rentabilidade e a competitividade do cultivo de olival. Por um lado, o olival em sequeiro tem produções muito baixas e custos de cultivo elevados, o que leva a situações extremas em termos de rentabilidade. Neste tipo de olival é necessário rever as práticas agronómicas, estudar as possibilidades de mecanização e promover a utilização de variedades únicas com denominação de origem que transformem este olival num recurso sustentável. Outra linha para o futuro é a valorização dos potenciais benefícios ambientais destes olivais como reservas de biodiversidade e sumidouros de gases com efeito de estufa.
Nos olivais intensivos e em sebe, o foco está nas práticas de cultivo para ajustar os custos e otimizar a produção do ponto de vista quantitativo e qualitativo, bem como para prolongar a vida útil das plantações. As linhas de trabalho contemplam, entre outras, a conceção de plantações, seleção de material vegetal, poda, gestão eficiente de água e fertilizantes e utilização de tecnologias avançadas de agricultura de precisão. A sustentabilidade económica e ambiental são dois pilares básicos de todas elas.
Linhas de investigação
Os trabalhos no âmbito da olivicultura no CICYTEX começaram em 1998 com a transformação dos olivais tradicionais em olivais com sistemas de rega e de plantação intensiva. Mais tarde, começaram os ensaios em olivais superintensivos e coleções de material vegetal. Todos estes ensaios, de média e longa duração, forneceram resultados sólidos disponíveis sobre as necessidades hídricas, estratégias de irrigação e práticas de poda em diferentes sistemas de produção, bem como informação sobre a adaptação de diferentes variedades a sistemas intensivos e superintensivos.
Foram também realizados trabalhos relativos à qualidade do pólen em relação à viabilidade e germinabilidade de variedades espanholas e portuguesas, deservagem em olivais, ensaios de eficácia de herbicidas, bem como de confirmação de resistências, principalmente em Conyza spp. e Lolium spp., e utilização de coberturas vegetais. Nos últimos cinco anos envidaram-se mais esforços para aproximar os resultados da investigação das explorações agrícolas comerciais, com a utilização de técnicas de agricultura de precisão para a caracterização espacial das parcelas. Também se introduziu sensorização para apoiar a tomada de decisões e para implementar sistemas de rega totalmente automatizados.
Em todos os ensaios agronómicos, estudou-se a relação entre práticas agronómicas, condições agroecológicas e material vegetal e a melhoria e qualidade das produções. Além disso, no CICYTEX existe uma área de trabalho orientada para este setor industrial, tanto para azeitonas de mesa, como para azeitonas de lagar.